Como Consumir Caranguejos-peludos-chineses em Segurança

08/09/2021

O Outono é a melhor época do ano para desfrutar dos caranguejos-peludos-chineses, um produto alimentar aquático encontrado com frequência no mercado local. Então, vamos examinar o crescimento e a criação dos caranguejos-peludos-chineses de uma forma científica, considerando os rumores e preocupações surgidos nos últimos anos sobre a segurança ao se consumir este tipo de caranguejos, para que todos tenham um melhor entendimento sobre o consumo seguro dos caranguejos-peludos-chineses.

 

Estrutura fisiológica

O caranguejo-peludo-chinês (Eriocheir sinensis), também conhecido como caranguejo peludo de Xangai, tem nas suas garras pêlos semelhantes a luvas, daí também ser chamado caranguejo-luva. Esses caranguejos são avaliados pelo seu tamanho e peso e, portanto, quanto maiores, mais caros são. Trata-se de uma iguaria famosa pela sua carne deliciosa, e a melhor época do ano para saborear a sua mostarda e as suas ovas é durante a temporada da apanha, no Outono. A mostarda do caranguejo refere-se aos ovários e oócitos das fêmeas, que aparecem como uma massa granular laranja-avermelhada quando cozidos a vapor. A ova do caranguejo consiste nas vesículas seminais e nos órgãos reprodutivos dos caranguejos machos, que se tornam brancas, translúcidas e viscosas quando cozidas a vapor. Quando se trata de saborear caranguejos-peludos-chineses, há um dito popular que reza: “fêmeas em Setembro e machos em Outubro”. Isso significa que é melhor consumir as fêmeas no 9.º mês do calendário lunar e os machos no 10.º mês, devido à diferença na maturidade sexual e no período reprodutivo entre machos e fêmeas. Mas, sejam machos ou fêmeas, ambos contêm uma massa parecida com uma pasta laranja-amarelada, que é o seu hepatopâncreas, além dos seus órgãos reprodutivos que são comumente conhecidos como mostarda de caranguejo ou ovas de caranguejo. Como os hepatopâncreas estão conectados com os órgãos reprodutivos, costumam ser confundidos com a mostarda ou a ova do caranguejo.

 

Comportamento e habitats

As condições da aquacultura têm grande influência na qualidade dos caranguejos-peludos-chineses. Somente quando forem satisfeitas as condições necessárias, os caranguejos cultivados serão de óptima qualidade. Por isso, são particularmente famosos os caranguejos produzidos em certas regiões que apresentam condições adequadas, conhecidos pela sua carne rechonchuda e deliciosa, e por serem muito apreciados pelos gourmets. O caranguejo-peludo-chinês habita as margens lamacentas de rios e lagos, em tocas nas zonas entremarés, debaixo de pedras, cascalhos e entre a vegetação aquática. É omnívoro, sendo as plantas e zooplânctons a sua principal fonte de alimento, mas também come os cadáveres de outros animais e até desovas encontradas no abdómen de membros da mesma espécie. Uma vez tendo penetrado num habitat não nativo, os seus hábitos de forrageamento podem causar danos ecológicos à região, sendo considerados uma espécie invasora.

 

Hoje em dia, os caranguejos-peludos-chineses são principalmente de cultura artificial, uma vez que o ambiente de cultura, incluindo a qualidade da água, rações, lama no fundo dos rios ou argilas, pode ser mais bem controlado nas quintas de aquacultura, o que melhorou muito a sua qualidade e segurança para o consumo. A conservação ecológica do meio ambiente, da qualidade da água e do solo, e o controlo da poluição são vitais para a produção de alimentos aquáticos destinados ao consumo humano. Na China, todas as capturas aquáticas e actividades de aquacultura devem cumprir a “Lei de Pesca da República Popular da China” e os “Regulamentos sobre a Administração da Qualidade e Segurança de Produtos Aquáticos”, bem como outros regulamentos relevantes, a fim garantir a qualidade e segurança dos produtos alimentares aquáticos.

 

No que diz respeito aos caranguejos-peludos-chineses exportados para Macau, os departamentos da China Continental que supervisionam a segurança e qualidade alimentar impuseram uma série de regulamentos rigorosos no que diz respeito às condições ecológicas da aquacultura dos caranguejos-peludos-chineses, à remediação da poluição, ao ciclo completo do seu crescimento, bem como à prevenção e controlo de doenças e ao transporte dos espécimes exportados. Os departamentos competentes verificam a qualidade e testam os caranguejos-peludos-chineses para exportação, a fim de garantir que os que são exportados para Macau cumprem todos os requisitos de segurança.

 

Valor nutricional

Os caranguejos-peludos-chineses têm um baixo teor de gordura e são ricos em proteínas e minerais, principalmente cálcio, fósforo, potássio, ferro, zinco e selénio. Apesar de altamente nutritivos, os seus níveis de colesterol não podem ser ignorados. Cada 100 gramas de ovas de caranguejo contêm cerca de 200 a 466 miligramas de colesterol, e cada 100 gramas de carne de caranguejo contêm cerca de 135 miligramas de colesterol. Segundo as recomendações da Organização Mundial de Saúde, um adulto saudável não deve ingerir mais do que 300 miligramas de colesterol por dia. No caso de indivíduos com alto teor de lipídios no sangue, eles devem limitar a ingestão de colesterol a um máximo de 200 miligramas por dia. Portanto, é aconselhável limitar a ingestão de caranguejos-peludos-chineses a uma unidade de cada vez, caso contrário, isso poderá afectar a saúde vascular.

 

Medidas de inspecção e quarentena tomadas em Macau em relação aos caranguejos-peludos-chineses

A maior parte dos caranguejos-peludos-chineses vendidos em Macau são importados da China Continental, devendo todos provir de explorações aquáticas aprovadas para exportação pelas autoridades reguladoras competentes. A monitorização da origem é efectuada ao longo de todo o processo de aquacultura nas explorações, no que diz respeito à qualidade da água, sedimentos, larvas de caranguejo e alimentação dos caranguejos, para garantir que a qualidade do abastecimento de caranguejos-peludos-chineses a Macau cumpre os requisitos específicos e que os mesmos são seguros para consumo. Desde 2017 que o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) realiza uma pré-inspecção aos caranguejos-peludos-chineses provenientes de explorações de aquacultura que abastecem directamente Macau e tem vindo a actuar conjuntamente com as autoridades competentes do Continente para inspeccionar as ditas explorações, e agilizar os procedimentos de inspecção, a fim de garantir o abastecimento estável de caranguejos-peludos-chineses a Macau.

 

Para mais, o IAM tem levado a cabo uma série de medidas para garantir a qualidade e segurança dos caranguejos-peludos-chineses fornecidos a Macau. Mantém contacto próximo com as autoridades reguladoras de segurança alimentar do Continente, para entender como decorre a produção e o fornecimento de caranguejos-peludos-chineses e comunica com os sectores interessados do ramo alimentar, o que ajuda o IAM a manter-se actualizado com as informações mais recentes sobre o abastecimento de caranguejos-peludos-chineses de uma forma organizada. O IAM faz também visitas às autoridades reguladoras de segurança alimentar do Continente, para troca de informações adicionais sobre o sistema de supervisão usado no monitoramento do processo de produção de caranguejos-peludos-chineses e analisa os índices de segurança derivados de testes de dioxinas e nitrofuranos nos caranguejos. E, através da cooperação regional, visita de forma aleatória explorações de aquacultura que fornecem estes caranguejos directamente a Macau, para analisar a sua gestão actual, o sistema de supervisão e as modalidades de venda dos caranguejos chineses, com o objectivo de reduzir os riscos de segurança associados aos caranguejos-peludos-chineses exportados para Macau.

 

Além disso, todos os produtos alimentares aquáticos frescos e vivos importados para Macau devem ser declarados e estão sujeitos a inspecção obrigatória, de acordo com as leis e regulamentos em vigor. Os seus importadores são obrigados a apresentar os respectivos certificados sanitários emitidos pelas autoridades oficiais do país de origem e a fornecer informações comprovativas sobre a sua inspecção de saúde para consideração e aprovação, o que é importante para garantir a segurança dos consumidores que apreciam os caranguejos-peludos-chineses.

 

Por que são os caranguejos-peludos-chineses susceptíveis de sofrer contaminação por dioxinas?

Nos últimos anos, as amostras de caranguejos-peludos-chineses em zonas vizinhas apresentaram níveis excessivos de dioxinas e causaram preocupação entre o público. As dioxinas são poluentes ambientais produzidos em incêndios florestais, na combustão, incineração e em diversas actividades industriais. Podem ser encontradas no ar, solos, rios e lagos, e persistem no meio ambiente durante muito tempo, pois não são facilmente biodegradáveis. Uma vez na cadeia alimentar, tendem a bioacumular-se no organismo de plantas e animais.

 

Esses poluentes tendem a depositar-se nos sedimentos do fundo dos lagos, onde as águas são mais paradas. E, como os caranguejos-peludos-chineses têm o seu habitat na zona bentónica dos lagos, tornam-se mais susceptíveis à exposição às dioxinas.

 

Para ajudar a reduzir a ingestão de dioxinas de fontes dietéticas, deve manter-se uma dieta equilibrada e evitar comer alimentos pouco variados. É também necessário atribuir importância à protecção ambiental, ao controlo e à redução da poluição, uma vez que essas acções beneficiam a saúde humana a longo prazo.

 

002/DIR/DSA/2021