O Que Sabe sobre as Frutas do Verão?

10/09/2019

Muitas frutas consomem-se sobretudo durante os meses de Verão, pois é a época em que as mangas têm um sabor doce, as melancias são suculentas e os duriões são macios e cremosos, sem mencionar a lichia, que tem um dos sabores mais extraordinários. Apesar do ditado chinês “Uma lichia é equivalente a três tochas de fogo” (pois é considerada uma fruta “quente” na medicina tradicional chinesa), não é invulgar que as pessoas comam meio quilo sem se darem conta. Notícias recentes informavam que a lichia é venenosa e fatal quando consumida em excesso. Mas, afinal, o que a torna assim tão perigosa? Por outro lado, o suco de cana-de-açúcar espremido na altura é uma bebida refrescante do Verão para combater o calor sufocante, mas antes de beber o suco há que verificar se a cana é mesmo fresca, sem sinais de bolor.

 

Lichia

A lichia é uma fruta deliciosa caracterizada por um sabor doce e levemente acre. Embora a Pirâmide da Alimentação Saudável recomende o consumo de mais frutas e vegetais, às vezes as pessoas exageram no consumo da lichia, esquecendo que comer o suficiente já é uma festa. O principal problema relaciona-se com as duas toxinas que ocorrem naturalmente nas lichias, que são a “hipoglicina A” e “α- (metilenociclopropil) glicina (MCPG)”.

 

De acordo com a literatura e os resultados de pesquisas, a “hipoglicina A” e a “α-(metilenociclopropil) glicina” presentes nas lichias podem interferir na oxidação dos ácidos gordos e inibir a gliconeogénese, ou seja, a geração de glicose pelo organismo, podendo resultar em sintomas como tonturas, náuseas e palpitações. Em casos graves, a vítima pode desenvolver hipoglicemia. Note-se que pessoas que comam quantidades excessivas de lichia com o estômago vazio e crianças desnutridas que consumam muitas lichias podem desenvolver doenças e síndrome fatal.

 

Eis algumas dicas para o consumo seguro de lichias:

ü   Nunca coma lichias com o estômago vazio, mas sempre após as refeições;

ü   Nunca consuma lichias em quantidades excessivas, pois o suficiente já é tão bom quanto um banquete e reduz o risco de desenvolver doenças;

ü   Nunca coma lichias verdes, pois as suas toxinas naturais são quatro vezes mais potentes do que na fruta madura.

 

Cana-de-açúcar

A cana-de-açúcar, da qual há várias espécies, é a matéria-prima utilizada na produção de sacarose. Pelo aspecto, geralmente distinguem-se dois tipos, a cana-de-açúcar roxa (Saccharum officinarum var. violaceum), cuja casca vai de cor púrpura profunda a preta, e a cana-de-açúcar verde. Na China, as roxas são consideradas mais nutritivas, ao passo que as verdes, que têm propriedades de resfriamento, são mais eficazes na remoção do calor endógeno, o que faz do sumo de cana-de-açúcar uma bebida apreciada pelos consumidores de hot pot, pois ajuda a evitar a ingestão excessiva de calor típica daquela forma de servir alimentos.

 

A cana-de-açúcar é propensa a deterioração microbiológica durante o manuseio pós-colheita. Quando as canas colhidas são armazenadas a temperaturas inadequadas durante o transporte a longa distância, criam-se condições favoráveis para o rápido crescimento e proliferação do fungo Arthrinium spp.. As canas de açúcar contaminadas começam a criar bolor e a produzir o ácido 3-nitropropiónico, que é uma neurotoxina fúngica conhecida por induzir danos no sistema nervoso central dos seres humanos.

 

A cana-de-açúcar é produzida principalmente nas regiões do Sul da China e é menos afectada pelo transporte a longa distância. No entanto, é sempre aconselhável prestar atenção ao seguinte para garantir a sua segurança alimentar:

ü Se a cana-de-açúcar estiver com bolor, a sua casca geralmente apresenta-se sem brilho, a textura macia e a cor da polpa é mais escura, passando a castanho-claro, com manchas cinzentas escuras. Nunca compre cana-de-açúcar com essa aparência;

ü Consuma sempre sumo de cana que tenha sido recém-espremido. Se ao beber sentir um sabor amargo ou tiver alguma dúvida sobre a sua qualidade, não beba;

ü Nunca deixe sumo de cana durante a noite à temperatura ambiente, mas guarde-o no frigorífico a -18°C.

 

035/DIR/DSA/2019