Bolos e outros géneros de massa cozida são muito populares hoje em dia e, quando os fazemos em casa, recorremos frequentemente ao papel de alumínio. No entanto, do que é afinal feito este papel de alumínio? Devemos virar para dentro o lado brilhante ou fosco do papel de alumínio? Embrulhar os alimentos neste tipo de materiais é realmente seguro?

O papel de alumínio é mesmo feito de alumínio?

A folha de papel de alumínio comum era originalmente feita de estanho. No entanto, uma vez que o estanho possui um ponto de fusão relativamente baixo, de apenas 231°C, não é adequado para cozeduras a altas temperaturas. Para além do mais, trata-se de um material bastante rígido e pouco prático para envolver alimentos. Em contraste, o alumínio possui um ponto de fusão de 660°C e um ponto de ebulição de 2467℃. Desta forma, é relativamente improvável que o material derreta durante a cozedura. A par disso, o alumínio possui também a vantagem de ser um dos metais mais abundantes na Terra, além de ser dúctil e resistente à tracção e corrosão. Por estes motivos, a folha que outrora era feita de estanho passou a ser feita de alumínio e este componente químico deu o nome ao produto que vemos frequentemente nos supermercados.

Porque embrulhamos alimentos com papel de alumínio ao cozinhá-los?

O papel de alumínio transfere calor, e o seu alto ponto de ebulição permite que seja utilizado para embrulhar alimentos, principalmente carne, de modo a evitar que sejam queimados pelo contacto directo com o fogo. Deste modo, os alimentos ficam cozidos sem que fiquem queimados, evitando-se assim a produção de substâncias nocivas como a acrilamida. Além disso, o papel de alumínio permite também evitar a perda de água, preservando a frescura e o paladar dos alimentos.

É mesmo prejudicial envolver os alimentos directamente com papel de alumínio?

Embora de tempos a tempos se diga que a acumulação excessiva de alumínio no corpo humano danifica as células do cérebro e causa a perda de memória, esse é um risco com o qual não precisa de se preocupar muito. Uma vez que o alumínio possui um ponto de fusão de 660°C, o risco de este ser atingido durante o processo de cozedura é relativamente reduzido. Portanto, o alumínio do papel que atenda aos requisitos de segurança dificilmente é transferível para os alimentos. Assim, não há razão para parar de usar papel de alumínio. Ainda que alguma quantidade de alumínio fosse ingerida através dos alimentos, esta substância não é absorvida pelo corpo humano em condições normais de consumo e a maior parte é expulsa através do tracto digestivo após a ingestão. De acordo com os dados actuais da Organização Mundial da Saúde (OMS), também não está provado que o alumínio possa causar a doença de Alzheimer. [2]

Qual é a utilização correcta do papel de alumínio

Em primeiro lugar, deve-se usar papel de alumínio que atenda aos padrões de segurança e que seja produzido por fabricantes autorizados. Por outro lado, certas substâncias ácidas podem levar à degradação do alumínio, pelo que convém evitar usar papel de alumínio para embrulhar e cozinhar alimentos ácidos como limão, vinagre, ketchup, etc.

Além disso, embora chamemos a isto papel de alumínio, não podemos esquecer que este é feito, ainda assim, de metal e que, portanto, não deve ser usado em microondas. Isso se deve ao facto de que, primeiro, as microondas são incapazes de penetrar no metal e, em consequência, de aquecer os alimentos. Pelo contrário, as microondas serão reflectidas pelo alumínio e podem danificar assim o aparelho, cujos tubos avariados podem gerar faíscas ou mesmo causar incêndios e explosões. Já no forno convencional, como modo de aquecimento tradicional, pode ser utilizado papel de alumínio.

Qual dos lados do papel de alumínio deve ficar em contacto com os alimentos?

A existência de duas superfícies diferentes, uma brilhante e uma fosca, é meramente resultado do processo de fabrico: para garantir a qualidade, normalmente são produzidas ao mesmo tempo duas folhas de papel de alumínio, a superfície fosca provém do contacto entre si, enquanto a superfície brilhante deriva do contacto directo com a máquina. Porém na prática, o tempo de aquecimento de ambos os lados não difere muito. Ainda assim, recomenda-se que a superfície fosca fique em contacto directo com os alimentos, uma vez que é a menos aderente.

Referências

[1] Avaliação dos riscos derivados da exposição dietética ao alumínio de residentes chineses (Comité Nacional de Especialistas em Riscos Alimentares)

[2] O papel de alumínio para churrasco é seguro? (Conselho de Consumidores de Hong Kong) 

004/DIR/DSA/2022