Através do seu sistema de monitorização de rotina de incidentes alimentares, o Departamento de Segurança Alimentar do IAM tem sido notificado de vários casos de farinha contaminada com E. coli (por exemplo, E. coli O121), envolvendo produtos oriundos de diferentes países, os quais foram retirados do mercado e destruídos.
A farinha é um dos ingredientes alimentares indispensáveis nas cozinhas, havendo diferentes tipos para confeccionar alimentos fritos, bolos, pão e molhos. A ingestão de alimentos preparados com farinha contaminada com E. coli pode causar doenças e colocar a saúde em risco. A Escherichia coli (abreviada como E. coli) é uma bactéria comum na flora intestinal dos seres humanos e dos animais, sendo a maior parte inofensiva. Mas algumas estirpes de E. coli podem causar doenças gastrointestinais nos seres humanos, e por isso são conhecidas como E. coli patogénicas.
Por que a farinha pode estar contaminada com E. Coli?
Os surtos de doenças transmitidas por alimentos e causados pela farinha não são comuns mas podem acontecer. As bactérias podem entrar na nossa cadeia alimentar quando a matéria-prima da farinha – como o trigo e outros grãos – é contaminada por fezes de animais contendo E. coli patogénica. Como muitas bactérias, a E. coli prolifera em ambientes quentes e húmidos e o calor produzido durante a moagem de farinha de trigo não mata a E. coli, pelo contrário, pode até estimular o seu crescimento. A presença de uma pequena quantidade de água nos moinhos de farinha ou nos armazéns de cereais também pode criar condições favoráveis para a sua proliferação. Além disso, a E. coli pode sobreviver em ambientes secos, mesmo em farinha embalada.
Quais os riscos de segurança alimentar associados à farinha ou massas?
Hoje em dia, muitas pessoas gostam de confeccionar guloseimas caseiras, como bolos e bolachas, mas muitas vezes descuram pequenos mas importantes detalhes na sua preparação. Embora a farinha ou a massa não sejam consumidas directamente, as crianças pequenas em casa podem ajudar a amassar e é provável que a comam quando os adultos não estão atentos. E uma vez que a massa é geralmente uma mistura de farinha com leite, água e ovos, com alta actividade aquosa e elevado valor nutritivo, se não for devidamente armazenada, estão criadas as condições propícias para a sobrevivência e multiplicação da E. coli. Além disso, durante a preparação de alimentos ou ao amassar a massa, os grãos de farinha podem cair acidentalmente nos cantos da cozinha ou nos utensílios. Muitas pessoas desconhecem que a farinha é uma fonte potencial de bactérias, e por isso não limpam nem desinfectam muito bem a zona de trabalho após a preparação de alimentos, o que, por sua vez, pode provocar contaminação cruzada.
A farinha pode ser esterilizada antes da venda?
Sim, tal como o leite, a farinha pode sofrer tratamento térmico para reduzir o nível de bactérias, mas o calor destruirá o teor de glúten na farinha e sem glúten, o pão perde a sua textura macia e os bolos não ficam fofos.
O que deve fazer o público?
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Manter-se informado sobre notícias de segurança alimentar. No caso de ocorrer uma recolha de alimentos, verificar se os produtos em casa condizem com a descrição do produto retirado do mercado. Uma vez que a farinha tem uma longa vida útil, deitar fora qualquer farinha relacionada com o produto retirado. Os recipientes utilizados para a eliminação da farinha devem ser cuidadosamente limpos e desinfectados.
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Todos os produtos alimentares preparados com farinha ou massas devem ser completamente cozidos ou assados antes de serem consumidos.
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Mãos, balcões de trabalho e utensílios que entrarem em contacto com a massa de farinha devem ser muito bem lavados.
Se observarmos a higiene alimentar, o uso de farinha na preparação de alimentos ainda é muito seguro.
019/DIR/DSA/2019