Já Provou “Carne Artificial”?

08/04/2020

As condições climáticas extremas e os frequentes desastres naturais têm afectado severamente as colheitas nos países produtores agrícolas. Entretanto, à medida que a população mundial aumenta, a oferta de alimentos torna-se desajustada e instável, e por outro lado a pecuária tem contribuído significativamente para a deterioração ambiental. Tudo isso levou à utilização de tecnologias para criar “carne artificial” como forma de satisfazer a crescente procura global de alimentos

 

A carne de base vegetal é um alimento novo?

“Carne artificial” é talvez um conceito relativamente novo para uma ideia já antiga, pois na culinária vegetariana, pratos como “frango vegetariano” e “pato vegetariano”, têm uma longa história na China. As pessoas que não comem carne consomem produtos de soja para obter as proteínas necessárias ao organismo humano. A matéria-prima da carne tradicional de base vegetal é o “farelo de soja”, que é um subproduto da extracção do óleo de soja. Através de mais extracção, desidratação, separação e concentração, tempero, reestruturação, adição de condimentos, corantes e outros aditivos alimentares, transforma-se finalmente numa variedade de produtos de base vegetal, como o filé de peixe vegetariano.

 

O que é a “carne artificial”?

A chamada “carne artificial” inclui dois tipos: o primeiro é a carne de base vegetal, feita a partir de proteínas vegetais, e o segundo é a carne cultivada em laboratório (carne in vitro), a partir de células-tronco de animais. Até agora, a “carne artificial” à venda no mercado é basicamente carne de base vegetal, feita a partir de proteínas vegetais (p.ex., trigo, batata, feijão verde e arroz integral), gorduras e óleos vegetais (p.ex., óleo de coco, óleo de girassol e óleo de canola) a que são adicionados corantes e sabores à base de plantas (p.ex., extractos de beterraba e de maçã e legemoglobina de soja geneticamente modificada, derivados da fermentação de leveduras). Se necessário, para enriquecer os nutrientes da carne de base vegetal, podem ainda ser-lhe adicionados minerais e oligoelementos.

 

A carne cultivada em laboratório (carne in vitro) também é conhecida como carne cultivada. O primeiro pedaço de carne cultivada do mundo foi criado a partir de células-tronco extraídas do tecido muscular da vaca, que foram transformadas em tiras de músculo em ambientes que replicam, em laboratório, as suas condições naturais de crescimento. As “tiras de carne” foram transformadas num hambúrguer e os cientistas que o provaram disseram que a carne cultivada não tinha gordura; apesar da textura do hambúrguer ser algo dura, não se distinguia da carne bovina de criação.

 

Os cientistas acreditam que, se a carne cultivada puder ser produzida em massa, tal ajudará a reduzir o número de animais abatidos para alimentação. E como a carne é cultivada em placas de Petri de laboratório sob condições controladas, não são necessários antibióticos, o que minimiza o risco de contaminação por medicamentos. A cultura in vitro também é benéfica para o meio ambiente, pois minimiza a dependência da criação de animais a nível mundial, o que contribui para reduzir a emissão de gases de efeito estufa. No entanto, devido aos elevados custos de produção, a carne cultivada ainda não é comercializada.

 

Como alimentar o mundo?

De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), até 2050 a população mundial aumentará em um terço, o que exigirá um aumento da produção global de alimentos em 70%. Mas um aumento geral do consumo de água e do uso da terra, além do aumento da produção de alimentos, fará aumentar também as emissões de gases de efeito estufa. Tornou-se uma questão crucial saber como reduzir as emissões de gases de efeito estufa e melhorar a eficiência da produção e utilização de energia, aumentando a eficiência do uso da terra e da água.

 

Que futuro para a carne artificial

Segundo a FAO, a indústria pecuária é responsável por 14,5% das emissões globais de gases de efeito estufa. Ao reduzir a procura pelo gado de criação, a carne de base vegetal pode ajudar no futuro a diminuir o uso abusivo de antibióticos na criação de animais e a reduzir a emissão de gases de efeito estufa a fim de abrandar o ritmo de aquecimento global.

 

A “carne artificial” é na verdade um substituto da carne. Com o avanço da tecnologia, a carne cultivada estará disponível no mercado nos próximos anos. Quando tal acontecer, irá provar?

 

006/DIR/DSA/2020