A ciguatera é um tipo comum de intoxicação alimentar, causada pela ingestão de peixes contaminados com ciguatoxina. São conhecidas pelo menos 400 espécies de peixes ciguatos, sendo os mais conhecidos a garoupa-leopardo dos corais, a garoupa-tigre, o napoleão e o lutjanus bohar, geralmente conhecidos como peixes dos corais. Durante a época de acasalamento na vida marinha, que decorre de Março a Abril, os peixes tendem a comer mais e, por isso, absorvem e acumulam maiores quantidades de ciguatoxina no organismo. Esta toxina não é destruída nem por cozedura nem por refrigeração e, assim, recomenda-se a aquisição de peixes dos corais apenas em estabelecimentos de confiança. O público tem de ser cuidadoso, para evitar o consumo de alimentos contaminados que possam causar intoxicação alimentar. 

Por que se acumula a ciguatoxina no corpo dos peixes de maior porte?  

A ciguatoxina é produzida por um microrganismo marinho tóxico, o dinoflagelado, que vive em recifes de coral mortos e algas. À medida que subimos na cadeia alimentar, as concentrações de ciguatoxina vão aumentando. Começa pelos pequenos peixes herbívoros de coral que se alimentam do plâncton tóxico e que, por sua vez, são consumidos pelos peixes maiores e, por isso, quanto maior for o peixe, mais elevada será a concentração da toxina no seu organismo.

É possível identificar, pelo aspecto, os peixes com ciguatoxina?

A ciguatoxina, em regra, acumula-se na cabeça, pele, vísceras e nos órgãos reprodutores dos peixes, sem, porém, causar quaisquer sintomas ou tornar os peixes doentes. Por isso um peixe tóxico não pode ser identificado pelo seu aspecto, odor ou textura da sua carne.

Pode eliminar-se a ciguatoxina através da cozedura?

A ciguatoxina é altamente resistente ao calor e não pode ser eliminada por cozedura, mesmo a temperaturas elevadas, nem através da refrigeração, secagem ou sequer pela acção do ácido hidroclórico presente no suco gástrico do corpo humano.

Quais os problemas de saúde causados pela ciguatoxina?

Entre uma a seis horas após a ingestão da ciguatoxina, surgem sintomas gastrointestinais, neurológicos e cardiovasculares de intoxicação, como sejam vómitos, diarreia, alterações na percepção da temperatura corporal, perda de sensibilidade na boca e nos membros, dores musculares e nas articulações e baixa pressão arterial. Nos casos mais graves, as vítimas podem entrar em estado de choque e morrer. Além disso, os indivíduos que já tenham sofrido este tipo de intoxicação devem ter cuidados redobrados, pois a sua sensibilidade à toxina é muito mais elevada e, desta forma, basta consumir uma pequena dose para apresentar claros sintomas de intoxicação alimentar.

Dicas para o público

1. Selecção cuidada：

• Adquira peixes de coral apenas em lojas conhecidas e de confiança;
•  Nunca adquira peixes de coral cuja origem seja desconhecida.

2. Cuidados na alimentação:

• Evite consumir grandes quantidades de peixes de coral de uma só vez;
• Aconselha-se escolher peixes de coral com menos de 3 Kg, pois o nível de concentração da toxina aumenta com o tamanho do peixe;
• Evite consumir a cabeça, pele, vísceras, órgãos reprodutores e ovas de peixes de coral, partes em que a toxina se concentra;
• Ao consumir peixes de coral, evite o consumo de bebidas alcoólicas, nozes ou feijões, pois estes alimentos tendem a agravar os sintomas de intoxicação alimentar.
• No caso de sintomas de intoxicação por ciguatera, procure, de imediato, assistência médica.