Introdução
Em Março de 2023, a Food and Drug Administration (ou Administração de Alimentos e Medicamentos, em português), dos Estados Unidos da América, anunciou que estava a investigar casos envolvendo cidadãos em vários estados daquele país suspeitos de infecção pelo VAH por terem consumido produtos de frutos silvestres congelados. O comércio e a indústria alimentar local recolheram uma variedade desses produtos, que pudessem ter sido contaminados com VAH. Este caso levou a que o comércio e a indústria alimentar das regiões vizinhas de Macau realizassem extensas recolhas de alimentos, além de suscitar grande preocupação pública.
Sobre a hepatite A
A hepatite A é uma inflamação do fígado causada pelo vírus da hepatite A (VAH), com sintomas clínicos típicos que incluem febre, náuseas, perda de apetite, vómitos, diarreia, urina amarelada e icterícia, embora nem todas as pessoas infectadas manifestem sintomas. Por exemplo, as crianças de idade até aos cinco anos, quando infectadas são geralmente assintomáticas, e a maioria das pessoas recupera totalmente da infecção pela hepatite A. Em casos raros, a hepatite A pode causar insuficiência hepática e até a morte. O vírus pode ser encontrado nas fezes e no sangue de pessoas infectadas e é transmitido principalmente pela via fecal-oral, ou seja, quando uma pessoa não infectada ou não vacinada ingere alimentos ou água contaminada com fezes de uma pessoa infectada, ou através de contacto pessoal próximo com uma pessoa infectada. O período de incubação é geralmente de entre 15 e 50 dias, com uma média de 28 a 30 dias.
Hepatite A e segurança alimentar
Os alimentos são uma das principais vias de transmissão da hepatite A, através da ingestão de alimentos malcozidos, cubos de gelo ou água potável contaminada com VHA. Embora o vírus seja altamente transmissível, pode ser destruído cozinhando os alimentos a uma temperatura interna de 90°C durante mais de 90 segundos.
De acordo com os dados disponíveis, frutas, vegetais e bivalves marinhos são os alimentos mais susceptíveis à contaminação pelo VHA. As frutas e vegetais podem ser contaminados com VHA durante o seu cultivo se as fontes de água utilizadas para a sua irrigação, processamento ou lavagem estiverem contaminadas com VHA. Os bivalves marinhos – como ostras, amêijoas, amêijoas-gigantes, lingueirões, mexilhões e vieiras – são seres que se alimentam filtrando finas partículas orgânicas da água. Se a água onde vivem contiver VHA, o vírus pode acumular-se no organismo dos bivalves ao longo do tempo e os humanos serem infectados pelo VHA quando comem frutas, vegetais e bivalves crus ou mal cozidos.
Além disso, se a pessoa que manuseia os alimentos estiver infectada com hepatite A, e não observar boas práticas de higiene pessoal, alimentar e ambiental durante os processos de produção e comercialização de alimentos, pode contaminar com VHA os produtos alimentares e utensílios relacionados. Ao consumir estes alimentos contaminados, podemos contrair hepatite A. Manter sempre uma boa higiene pessoal, alimentar e ambiental ajuda a prevenir a transmissão da infecção por hepatite A.
Situação de regulamentação em Macau
Através da Vigilância de Rotina dos Géneros Alimentícios, Vigilância Sazonal dos Géneros Alimentícios, Vigilância Específica dos Géneros Alimentícios e ainda do Sistema de Monitorização de Incidentes Alimentares, o Instituto para os Assuntos Municipais supervisiona constantemente a segurança dos produtos alimentares disponíveis comercialmente em Macau e tomará medidas imediatas, de acordo com o grau e extensão do risco para a segurança alimentar, para controlar a sua propagação. Além de enviar alertas alimentares aos importadores e retalhistas dos alimentos afectados, ordenará que estes os retirem de imediato do mercado e divulguem atempadamente a respectiva informação de segurança alimentar, para informação do público e da indústria e comércio, como forma de salvaguardar a segurança alimentar em Macau.
Considerando o referido incidente nos Estados Unidos, com a suspeita de ter havido infecção de cidadãos com hepatite A devido ao consumo de produtos de frutos silvestres congelados, o Instituto para os Assuntos Municipais investigou prontamente a distribuição dos referidos produtos alimentares no mercado local e tomou medidas de acompanhamento para garantir a sua segurança. A informação sobre o caso foi comunicada aos sectores envolvidos, e carregada na página “Informações Internacionais” da página electrónica “Informação sobre Segurança Alimentar”, para referência do sector comercial e do público em geral.
Recomendações para o sector e o público
- Comprar sempre ingredientes alimentares em lojas conceituadas e em boas condições de higiene, e nunca adquirir ingredientes alimentares de origem desconhecida ou que não tenham sido submetidos à inspecção sanitária obrigatória;
- Manter boas práticas de higiene pessoal, como lavar as mãos de forma adequada e completa, antes de comer e manusear alimentos, e depois de usar a casa de banho;
- Lavar os ingredientes alimentares com água limpa;
- Utilizar dois conjuntos de utensílios para manusear alimentos crus e cozidos, respectivamente, bem como manusear separadamente alimentos crus e prontos para consumo, para evitar contaminação cruzada;
- Embalar os alimentos adequadamente ou guardá-los em recipientes cobertos para armazenamento no frigorífico, e sempre segundo o princípio “alimentos cozidos por cima de alimentos crus”;
- Cozinhar os ingredientes alimentares a uma temperatura interna de 90°C durante mais de 90 segundos, para destruir o vírus da hepatite A;
- Em caso de diarreia, vómitos, febre, icterícia ou outras indisposições, evitar o manuseio de alimentos;
- Os estabelecimentos de produção e comercialização de géneros alimentícios devem tomar medidas para garantir que quem manuseie alimentos receba formação adequada e tenha pleno conhecimento dos requisitos de higiene para manusear alimentos.