Resumo
- As infecções pelo norovírus são mais comuns durante o Inverno e a Primavera, ao passo que foram recentemente notificados casos de ditas infecções transmitidas por alimentos em regiões vizinhas;
- O norovírus pode ser transmitido através do consumo de alimentos ou água contaminados, contacto com vómito ou fezes de uma pessoa infectada, contacto com objectos contaminados ou através de gotículas respiratórias;
- Para prevenir as doenças transmitidas por alimentos, o sector alimentar e o público em geral devem lavar bem as frutas e as hortaliças;
- Cozinhe bem os alimentos, especialmente os de alto risco, como os mariscos de concha, que são propensos à contaminação pelo norovírus;
- Mantenha uma boa higiene pessoal;
- Lave as mãos correctamente antes de manusear alimentos, depois de utilizar a casa de banho e depois do descarte de lixo;
- Se ocorrerem sintomas como diarreia, vómitos ou febre, evite de imediato manusear e processar alimentos e informe imediatamente o responsável pelas instalações. Empregue medidas de desinfecção eficazes se houver suspeitas de que o local foi exposto a contaminação.
Introdução
As infecções pelo norovírus são mais comuns no Inverno e na Primavera, ao passo que foram recentemente relatados casos de tais infecções transmitidas por alimentos em regiões vizinhas. O norovírus pode ser transmitido através do consumo de alimentos ou água contaminados e do contacto com uma pessoa infectada ou com objectos contaminados, entre outros. Esta Breve Revisão de Riscos fornece uma visão geral das vias de transmissão de norovírus, oferecendo ao público em geral e ao sector alimentar conselhos e precauções a tomar no que diz respeito à higiene pessoal, ambiental e alimentar, a fim de reduzir o risco de surtos de gastroenterite transmitida por alimentos causada pelo norovírus e garantir assim a segurança alimentar.
Norovírus, vias de transmissão e medidas preventivas e de controlo
As infecções pelo norovírus são mais comuns no Inverno e na Primavera, e este vírus é a principal causa de gastroenterite aguda não bacteriana e uma das causas mais comuns de intoxicação alimentar. Os sintomas incluem náuseas, vómitos, diarreia, dor abdominal e febre ligeira. O norovírus pode ser transmitido através do consumo de alimentos ou água contaminados, contacto com vómito ou fezes de uma pessoa infectada, contacto com objectos contaminados ou através de gotículas respiratórias. Para crianças pequenas, idosos, grávidas e indivíduos com o sistema imunitário enfraquecido, as infecções pelo norovírus podem ser mais graves.
Transmissão através dos alimentos
As infecções pelo norovírus podem ter origem em fontes alimentares contaminadas, incluindo ostras colhidas em águas contaminadas e irrigação de frutas e hortaliças cultivadas em terrenos agrícolas com água contaminada. As infecções comuns estão frequentemente associadas ao consumo de mariscos de concha malcozinhados (por exemplo, ostras cruas). Se a ostra estiver contaminada com norovírus, mergulhá-la em sumo de limão ou vinagre, ao comê-la crua, não chega para prevenir a infecção pelo norovírus. Além disso, o norovírus pode sobreviver a baixas temperaturas e é relativamente resistente ao calor, sobrevivendo numa faixa térmica entre os 0°C e os 60°C. Por este motivo, os alimentos (especialmente os mariscos de concha) devem ser bem cozinhados para destruir o norovírus.
Transmissão através do contacto com uma pessoa infectada ou com objectos contaminados
O norovírus é altamente contagioso, pois apenas 10 partículas virais são suficientes para causar infecção. Se um manuseador de alimentos estiver infectado com norovírus, pode transmiti-lo para as superfícies alimentares enquanto manuseia alimentos. Qualquer alimento pronto a consumir ou que não necessite de aquecimento adicional antes do consumo pode ser contaminado com norovírus. O consumo de alimentos contaminados com norovírus pode desencadear surtos em grande escala de doenças de origem alimentar, representando uma ameaça para a saúde pública. Desta forma, os manuseadores de alimentos que estejam infectados ou com suspeita de infecção pelo norovírus devem abster-se imediatamente de manusear e processar alimentos e informar imediatamente o responsável pelas instalações. Não devem regressar ao trabalho até pelo menos 48 horas após o desaparecimento dos sintomas.
Além disso, se houver suspeitas de que as áreas de manuseio de alimentos (por exemplo, superfície de trabalho), utensílios de cozinha e outros objectos que entram em contacto com alimentos estão contaminados com norovírus, devem ser tomadas medidas de desinfecção eficazes. Por exemplo, remover os resíduos de alimentos dos utensílios e ferramentas de processamento de alimentos, fervê-los em água durante 30 minutos para a sua desinfecção, ou mergulhá-los numa solução desinfectante de cloro, com uma concentração efectiva de cloro de 500 mg/L, durante 30 minutos e, em seguida, passar por água limpa para evitar a transmissão do vírus. É importante referir que os desinfectantes à base de álcool são ineficazes contra o norovírus. (1)
Aspectos regulamentares em Macau
De acordo com as leis e regulamentos em vigor em Macau, todos os géneros alimentícios frescos ou vivos (incluindo mariscos de concha e hortaliças) devem ser sujeitos a inspecções sanitárias ou de higiene, obrigatórias na importação para Macau, para garantir a segurança dos géneros alimentícios à venda no mercado. Entretanto, o IAM monitoriza constantemente as informações sobre a segurança alimentar em todo o mundo e sobre a retirada de alimentos emitidas pelos governos em todo o mundo, para que, caso seja necessário, possam ser tomadas prontamente as medidas preventivas adequadas, para evitar que alimentos de risco entrem no mercado local.
Além disso, o IAM publicou orientações como “Orientações de Higiene Pessoal para Manuseadores de Alimentos", “Orientações Higiénicas para a Limpeza e Sanitização/Desinfecção de Equipamentos de Restauração e Utensílios para Alimentos" e “Orientações de Higiene na Preparação de Ostras", para lembrar ao sector alimentar as práticas de higiene pessoal, ambiental e de segurança alimentar a observar durante a produção e a operação. Para mais detalhes, consultar a secção “Informação do Sector – Orientações para o Sector" no website “Informação sobre Segurança Alimentar".
Conselhos ao sector alimentar
- Comprar ingredientes alimentares a fornecedores de confiança, descobrir qual o país de origem dos ingredientes e obter outras informações necessárias antes da compra, e guardar as facturas dos produtos adquiridos e os registos de venda;
- Armazenar os alimentos crus e cozinhados separadamente e utilizar utensílios diferentes para manusear alimentos crus e alimentos cozinhados, e alimentos crus e prontos a consumir, para evitar a contaminação cruzada;
- Durante a produção e comercialização de ostras frescas, garantir uma fonte de fornecimento fiável, um controlo adequado da temperatura e do tempo e as medidas de higiene necessárias para evitar a contaminação cruzada;
- Ter em atenção o tempo e a temperatura de cozedura dos alimentos para garantir que estão bem cozinhados, especialmente no caso de mariscos de concha;
- Lavar correctamente as mãos antes de manusear alimentos, depois de utilizar a casa de banho e depois do descarte de lixo. Utilizar utensílios como pinças, pauzinhos e colheres para minimizar o contacto directo das mãos com os alimentos (especialmente alimentos prontos a consumir);
- Em caso de distúrbios gastrointestinais, abster-se de manusear e processar alimentos;
- Eliminar qualquer alimento que possa estar contaminado com norovírus;
- Estar atento aos alertas alimentares e aos comunicados divulgados pelo Departamento de Segurança Alimentar do IAM. Quando notificado de uma retirada de alimentos ou de uma interrupção de vendas pelo Departamento de Segurança Alimentar, o sector deve interromper imediatamente a venda e o fornecimento dos produtos alimentares suspeitos de contaminação e trabalhar em cooperação com o Departamento de Segurança Alimentar para executar a retirada de alimentos e acções relacionadas.
Conselhos ao público
- Não comprar ostras destinadas a ser consumidas cozidas para consumo cru;
- Manter uma alimentação equilibrada e evitar o consumo de ostras em excesso;
- Ao comprar hortaliças frescas prontas a consumir, verificar cuidadosamente se há deterioração, sinais de bolor e outros sinais de deterioração. Lavar bem as hortaliças ou mergulhar em água limpa antes de as consumir;
- Se houver preocupações com a higiene e a qualidade de qualquer alimento, não o consumir;
- Os indivíduos de alto risco, como os idosos, as crianças pequenas e as pessoas com o sistema imunitário enfraquecido, devem evitar consumir mariscos, hortaliças e seus derivados que não estejam bem cozinhados.
Referências:
1. Aviso do Departamento Geral da Administração Nacional de Controlo e Prevenção de Doenças sobre a emissão de orientações técnicas destinadas à prevenção, controlo e desinfecção contra a infecção pelo norovírus em escolas e locais prioritários. (Departamento da Administração Nacional de Controlo e Prevenção de Doenças) 30 de Novembro de 2024.
https://www.gov.cn/zhengce/zhengceku/202411/content_6990355.htm
2. Norovirus Outbreaks (U.S. Centers for Disease Control and Prevention) 2 de Janeiro de 2025.
https://www.cdc.gov/norovirus/outbreak-basics/index.html
3. Ostras cruas e norovírus. (Centro de Segurança Alimentar, Hong Kong) Junho de 2021.
https://www.cfs.gov.hk/tc_chi/multimedia/multimedia_pub/files/trade_202102.pdf
BRR 001 DAR 2025