Analisando os Riscos de Segurança de Panelas Antiaderentes

15/05/2020

As panelas antiaderentes tornaram-se muito populares entre os consumidores por várias razões, como por exemplo: os alimentos não se colam à superfície nem se queimam facilmente; requerem menos óleo de cozinha; produzem menos fumos e são mais fáceis de limpar. No entanto, o revestimento especial que se desprende dessas panelas antiaderentes causou preocupação entre o público. Será a camada de revestimento tóxica? E como evitar a ingestão de substâncias nocivas? Para reduzir os riscos de segurança alimentar, estudámos o material de revestimento e descobrimos qual a maneira correcta de usar e limpar uma panela antiaderente, o que é essencial para impedir efectivamente a libertação de substâncias tóxicas e a sua migração para os alimentos.

 

O interior das panelas antiaderentes é geralmente revestido com politetrafluoretileno (PTFE), um composto sintético conhecido como “Teflon”, que é altamente resistente aos extremos de calor e frio (de -190ºC a 260ºC), álcalis e ácidos, gorduras e óleos e à corrosão. Portanto, os alimentos não se colam ao interior das panelas durante o cozimento, e o seu revestimento facilita a limpeza. Antigamente, o ácido perfluorooctanóico (PFOA)1 e seus sais eram adicionados no fabrico do revestimento de PTFE. Mas, quando em 2017 a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro (IARC) classificou o PFOA como “possivelmente cancerígeno para seres humanos” 2 (Grupo 2B), este deixou de ser usado no fabrico des revestimentos antiaderentes para utensílios de cozinha. Algumas panelas antiaderentes disponíveis no mercado são rotuladas como “Sem PFOA” para indicar que não contêm “ácido perfluorooctanóico” (consulte a Imagem 1).

 

Depois disso, passaram a usar-se produtos químicos artificiais semelhantes, conhecidos como substâncias per e polifluoroalquil (PFAs), para fazer os revestimentos antiaderentes, uma vez que é improvável que os PFAs se decomponham, sejam libertados e migrem para os alimentos a altas temperaturas. Portanto, são comparativamente mais seguros e amplamente utilizados no fabrico de produtos para contacto com alimentos, como utensílios de cozinha, papel de embrulho de alimentos e equipamentos de processamento de alimentos. No entanto, quando o revestimento antiaderente é aquecido a temperaturas acima de 300ºC, produzem-se vapores contendo tetrafluoroetileno (TFE), também classificado pela IARC como “provavelmente cancerígeno para os seres humanos” (Grupo 2A) e provavelmente apresentando riscos para a saúde. Portanto, durante o cozimento, nunca aqueça uma panela antiaderente vazia por muito tempo.

 

O Conselho de Consumidores de Macau divulgou recentemente os resultados dos testes de qualidade3 sobre 36 marcas de panelas antiaderentes originárias de Guangzhou e Macau. Muitos dos testes para avaliação da qualidade dos revestimentos antiaderentes, em termos de condições de higiene, segurança e desempenho, baseiam-se nos padrões nacionais da China estabelecidos para “Tintas e revestimentos para contacto com alimentos” e “Desempenho e métodos de teste de superfícies de utensílios de cozinha de metal para uso doméstico”. Alguns dos testes simularam as formas de preparar alimentos típicos da cozinha chinesa e foram usadas como parâmetros de medição as quantidades de substâncias potencialmente perigosas que se esperava fossem libertadas do revestimento antiaderente devido aos diferentes métodos de cozimento, às variedades de alimentos e de atrito envolvidos4. Em resumo, todas as panelas antiaderentes originárias do mercado local cumpriam os padrões de segurança higiénica e requisitos de qualidade, incluindo o teste de migração, no qual a solução utilizada no teste de imersão de panelas antiaderentes não apresentava no final do teste deteriorações sensoriais como coloração, turbidez, precipitação e mau cheiro. Além disso, a migração geral da tinta de revestimento e do chumbo foi inferior aos padrões nacionais de 10mg/dm2 e 1mg/kg, respectivamente, e os alimentos4 não aderiram ao interior das panelas nem causaram bolhas ou ferrugem nos seus revestimentos. Portanto, desde que a panela antiaderente seja usada de forma correcta e o seu revestimento não mostre sinais óbvios de danos, os consumidores não se devem preocupar excessivamente com a sua qualidade e segurança.

 

Conselhos ao público:

  • Compre panelas antiaderentes em lojas de confiança e verifique o tipo de revestimento nas etiquetas bem como a certificação de produto aprovado. Escolha um artigo em bom estado e adequado, sem defeitos visíveis na superfície do revestimento;
  • Objectos afiados e duros podem facilmente arranhar ou raspar o revestimento de uma panela antiaderente, reduzindo o seu desempenho antiaderente e aumentando os riscos de segurança alimentar. É sempre aconselhável ler as precauções e instruções de segurança antes de usar e ao limpar a panela. Evite, na medida do possível, usar espátulas de metal (Imagem 3A) que podem causar fissuras ou esfregar com muita força o interior da panela com um esfregão metálico (Imagem 3B);
  • Não raspe a superfície antiaderente com objectos ou ferramentas e, ao cozinhar com uma panela antiaderente, evite mariscos com concha dura e ossos afiados;
  • Nunca aqueça uma panela antiaderente vazia por muito tempo para evitar derreter o revestimento. Como o aquecimento contínuo a altas temperaturas pode reduzir a vida útil de panelas antiaderentes ou causar deformações, evite cozinhar alimentos a altas temperaturas, nomeadamente por fritura, fritura a fogo forte ou prolongada;
  • Nunca deixe alimentos já cozinhados na panela antiaderente por longas horas; transfira-os logo para um recipiente apropriado;
  • Ao detectar superfície de revestimento raspada ou arranhada, revestimento a soltar-se ou rachaduras, deixe de usar de imediato qualquer panela antiaderente;
  • Deixe a panela antiaderente esfriar naturalmente após utilização. Não despeje de imediato água fria na panela quente, pois a mudança brusca de temperatura pode causar deformações.

Notas:

1. Ácido perfluorooctanóico: Antigamente, o ácido perfluorooctanóico (PFOA) e seus sais eram adicionados no fabrico de revestimento de PTFE de panelas antiaderentes para estabilizar a polimerização de plásticos antiaderentes. Em 2005, a Agência de Protecção Ambiental dos EUA (EPA dos EUA) descobriu que o PFOA pode aumentar o risco de cancro em ratos de laboratório, além de causar danos ao fígado e perturbar o sistema endócrino. Embora não existam provas até ao momento sobre os efeitos adversos do PFOA em humanos, em 2017 a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro (IARC) classificou o PFOA como uma substância “possivelmente cancerígena para os seres humanos” (Grupo 2B).

2. Classificação pela IARC dos riscos cancerígenos para os seres humanos: https://monographs.iarc.fr/list-of-classifications/.

3. Fonte: “Relatório do Teste Comparativo de Panelas Antiaderentes realizado pelo Conselho de Consumidores de Macau e Conselho de Consumidores de Guangzhou”, divulgado pelo Conselho de Consumidores de Macau em 24 de Fevereiro de 2020.

4. Exemplo: Uma solução de ácido acético a 4% e isooctano é usada para simular respectivamente alimentos ácidos e oleosos, para testar a decomposição do revestimento, a sua migração geral para os alimentos e a quantidade de chumbo libertada. O desempenho antiaderente das panelas é testado com a prova do ovo frito e a resistência à corrosão do revestimento é testada com vinagre, macarrão alcalino e água salgada, que são ingredientes alimentares comuns na cozinha chinesa.

 

008/DIR/DSA/2020